10 calúnias vergonhosas contra São João Paulo II

 Conteúdo de vídeo: https://youtu.be/nO6W7DwS17Q

Tradução autorizada por: https://archidiacre.wordpress.com/2021/08/31/calomnies-honteuses-contre-jean-paul-ii/


Este artigo, atualizado regularmente, reúne calúnias feitas contra o Papa São João Paulo II. É claro que não é exaustivo (seus inimigos os criam obsessivamente todos os dias), mas mostra como os métodos se repetem: suas frases e ações são examinadas fora de contexto, com teor tendencioso, e o dão sempre um significado herético e escandaloso quando um mínimo de discernimento e caridade o descartaria facilmente. Os mais ridículos também dão falsamente às suas meditações, homilias, palestras ou conferências um peso magistral, na verdade qualquer católico pode discordar privada e respeitosamente dessas opiniões. Também refutamos o argumento que consiste em dizer que tantas acusações “provam” que a catolicidade do Papa é duvidosa:  a mentira e o julgamento imprudente, mesmo 1000 vezes, não tornam a vítima culpada . Acima de tudo, cabe aos católicos mostrar caridade e abster-se de julgar com base na incompreensão.

RESUMO :

1 – Teria recebido a benção de um xamã ameríndio
2 – Teria concelebrado missa com os anglicanos
3 – Teria atacado o dogma da Imaculada Conceição
4 – Teria praticado sincretismo durante as reuniões de Assis
5 – Teria afirmado que o budismo poderia salvar
6 – Teria afirmado que o Espírito Santo manteria os fiéis de outras religiões em suas falsas crenças
7 – Teria ensinado que o estado de casamento é igual ao estado de celibato
8 – Teria dito que Deus protegesse os erros do Islã
9 – Contrariaria Pio XI na função da dona de casa

10 – Teria dado apoio à religião slâmica ao beijar o alcorão

1. Ele teria recebido a bênção de um xamã nativo americana

Em 14 de setembro de 1987, o Papa viajou para o Arizona , no oeste americano. Entre suas paradas mais memoráveis ​​está sua participação na Conferência Tekakwitha no Arizona State Fair Grounds Coliseum. É um encontro nacional de católicos nativos americanos. Durante esse período que reuniu cerca 75 mil pessoas, o papa foi abençoado e recebeu uma pena de águia. Para os nativos americanos, é o símbolo de paz, amor e respeito. "Apresento esta pena a você em nome de todos os nativos americanos no continente norte-americano", disse Emmett White, da tribo Pima, que presenteou o papa com uma pena de águia.

No entanto, a tribo Pima é parcialmente católica, e Emmett White faz parte dessa religião. De fato, nesta fotografia, vemos claramente Emmett White usando uma cruz no pescoço:

A pena de águia é, portanto, agora apenas um símbolo cultural, desprovido de qualquer conotação religiosa.

2. Diz-se que concelebrou missa com os anglicanos

Os detratores do Papa acreditam que ele teria concelebrado uma missa com o arcebispo anglicano durante sua visita pastoral à Grã-Bretanha em 29 de maio de 1982. No entanto, não foi uma missa, mas uma celebração ecumênicaDe fato, o Papa fez ali um sermão no qual declarou ter feito orações em comum com o Arcebispo Anglicano da Cantuária e lido trechos das Sagradas Escrituras sobre a unidade. Não se trata, portanto, de communio in sacris, mas de communio in spiritualibusNão há menção de missa ou concelebração em nenhum lugar, e nenhum objeto litúrgico é visto nas fotografias.

Além disso, na encíclica Ut Unum Sint , São João Paulo II se referirá a este evento especificando que foi uma "oração comum":

“Lembro com particular emoção a oração comum com o Primaz da Comunhão Anglicana na Catedral de Canterbury em 29 de maio de 1982, quando, neste admirável edifício, reconheci “um testemunho eloquente tanto de  nossos longos anos de herança compartilhada quanto dos tristes anos de divisão que se seguiu"

– PAPA SÃO JOÃO PAULO II, UT UNUM SINT

O Papa Pio XII, através do Santo Ofício, declarou em 1947 que as orações aprovadas pela Igreja podem ser recitadas por cristãos de diferentes confissões:

«V- Embora, em todas essas reuniões e conferências, deva ser evitada qualquer comunicação no campo do culto, a recitação comum do Pai Nosso ou de qualquer oração aprovada pela Igreja Católica não é proibida para a abertura ou encerramento das referidas reuniões.»– SANTO OFÍCIO, SOBRE O MOVIMENTO ECUMÊNICO

Além disso, o Papa ensinou em 2003 sobre a determinada impossibilidade de concelebrar a mesma liturgia eucarística com os que estão separados da comunhão eclesiástica:

Exatamente porque a unidade da Igreja, que a Eucaristia realiza pelo sacrifício de Cristo e pela comunhão com o corpo e o sangue do Senhor, envolve a exigência, da qual não pode haver derrogação, de comunhão total nos vínculos da profissão de fé, os sacramentos e o governo eclesiástico, não é possível concelebrar a mesma liturgia eucarística até que se restabeleça a integridade desses vínculos. Tal concelebração não poderia ser um meio válido e poderia até constituir um obstáculo para alcançar a plena comunhão, minimizando o valor da distância que nos separa da meta e introduzindo ou endossando ambiguidades sobre esta ou aquela verdade de fé. O caminho para a plena unidade só pode ser feito na verdade. Nesta matéria, as proibições do direito da Igreja não deixam margem para incertezas, de acordo com a norma moral proclamada pelo Concílio Vaticano II. (Papa São João Paulo II - Encíclica Ecclesia de Eucharistia)

3. Ele teria atacado o dogma da Imaculada Conceição

Em 29 de maio de 1996, em audiência geral, São João Paulo II comentou este versículo:

«Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a descendência dela: ela te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.»– GÊNESIS 3 : 15

Os críticos do Papa citam esta passagem da audiência para concluir que ele cometeu heresia:

Paralelamente ao relato de Lucas sobre a Anunciação, a Tradição e o Magistério indicaram o Proto-Evangelho (Gn 3, 15) como fonte escrita da verdade sobre a Imaculada Conceição de Maria. Este texto inspirou, da antiga versão latina: “Ela vai esmagar sua cabeça”, muitas representações da Imaculada que esmaga a serpente sob seus pés.

Já tivemos a oportunidade de lembrar anteriormente que esta versão não corresponde ao texto hebraico, no qual não é a mulher, mas sua linhagem, seu descendente, que esmaga a cabeça da serpente, o texto, portanto, não atribui a Maria, mas a seu Filho, a vitória sobre Satanás. (Papa São João Paulo II, Audiência de 29 de maio de 1996)

Opõem-no ao Papa Pio IX, no qual promulgou em 1854 o dogma da Imaculada Conceição:

Tudo isso é mais claro que o dia; porém, como se isso não bastasse, os Padres, com suas próprias palavras e de maneira expressa, declararam que, quando se trata de pecado, não deve de modo algum se tratar da Santíssima Virgem. [...] Também professaram que a Virgem Gloriosa foi a reparadora de seus antepassados ​​e que vivificou sua posteridade; que o Altíssimo a escolheu e a reservou para si desde o início dos tempos; que Deus a havia predito e anunciado quando disse à serpente: "porei inimizade entre você e a mulher" (Gn III, 15), e que, sem dúvida, ela esmagou a cabeça venenosa desta mesma serpente; e por esta razão eles afirmaram que a mesma Virgem Santíssima tinha sido, pela graça, livre de toda mancha de pecado, livre de todo contágio tanto no corpo como na alma e na menteque ela sempre conversou com Deus; que se uniu a Ele por uma aliança eterna, nunca esteve nas trevas, mas sempre na luz e, portanto, foi uma habitação bastante digna de Cristo, não por causa da beleza de seu corpo, mas por causa de sua graça original. (Papa Pio IX, Constituição Ineffabilis Deus)

No entanto, a citação do Papa João Paulo II foi tirada completamente fora de contexto. Longe de afirmar que a Santíssima Virgem não teria esmagado a serpente, salientou que são os descendentes da mulher que chegam à serpente, e que, consequentemente, a Imaculada é vitoriosa não por ela mesma, mas em virtude de seu Filhovisto que foi em virtude de Cristo, foi por uma graça especial de Deus concedida à Santíssima Virgem que ela foi preservada do pecado original. Assim, a representação da Santíssima Virgem esmagando a serpente não é contraditória com o significado original:

No entanto, como a concepção bíblica estabelece uma profunda solidariedade entre um pai e seus descendentes, a representação da Imaculada que esmaga a serpente, não por sua própria virtude, mas pela graça do Filho, é coerente com o significado original da passagem. (Papa São João Paulo II, Audiência de 29 de maio de 1996)

Na mesma audiência, recordará o dogma da Imaculada Conceição:

Para ser o inimigo irreconciliável da serpente e sua prole, Maria teve que ser isenta de toda dominação pelo pecado. E isso, desde o primeiro momento de sua existência.
[…]
A hostilidade absoluta estabelecida por Deus entre o homem e o diabo pressupõe, portanto, em Maria a Imaculada Conceição, ou seja, uma total ausência de pecado, desde o início de sua vida. o Filho de Maria obteve a vitória definitiva sobre Satanás e deu antecipadamente o benefício a sua mãe, preservando-a do pecado.
Conseqüentemente, seu Filho lhe concedeu o poder de resistir ao diabo, realizando assim no mistério da Imaculada Conceição o efeito mais importante de sua obra redentora. (Papa São João Paulo II, Audiência de 29 de maio de 1996)

4. Ele teria praticado sincretismo durante as reuniões de Assis

Em 1986 e 2002, o Papa São João Paulo II organizou dois encontros inter-religiosos em Assis. Os críticos do papa afirmam que ele era culpado de sincretismo. Mas, em vez de confiar em fotografias vinculadas a explicações distorcidas, é importante entender sua real intenção que foi expressa publicamente.

Em 22 de outubro de 1986, em Audiência Geral, o Sumo Pontífice explica aos fiéis em que consistirá o encontro inter-religioso. Ele diz que outras religiões têm em si sementes de verdade, como ensina o Concílio Vaticano II (e até o Papa Pio XII), baseado nos Padres da Igreja. Entre esses raios de verdade, podemos notar a religiosidade de pessoas em outras religiões. Embora a Igreja respeite esta religiosidade, que, tomada em si mesma, é uma virtude, obviamente não pretende rezar a Deus à maneira das falsas religiões, daí a expressão "estar juntos para rezar":

Exatamente porque Cristo é o centro de tudo na história e no cosmos, e como 'ninguém vem ao Pai senão por ele' (cf.  Jo 14 , 6), podemos nos voltar para as outras religiões numa atitude de respeito sincero e um testemunho fervoroso do Cristo em quem acreditamos que se cruzam simultaneamente. De fato, há muitas vezes neles os semina Verbi “sementes da Palavra” e “um raio da única verdade” de que já falavam os primeiros Padres da Igreja, vivendo e operando no meio do paganismo, e para a que se refere o Concílio Vaticano II […] Apesar de estarmos cientes do que consideramos ser os limites dessas religiões, isso de forma alguma nos impede de reconhecer nelas valores e qualidades religiosos muitas vezes marcantes (cf.NA2). Aqui, precisamente, estão os “vestígios” ou “sementes” da Palavra e os “raios da sua verdade”. Entre estas “sementes” e estes “raios”, notamos em particular a oração que muitas vezes acompanha o jejum, assim como outras formas de penitência e peregrinação a lugares sagrados, rodeadas de grande veneração. Respeitamos esta oração mesmo que não pretendamos adotar fórmulas que expressem outras visões de fé. Assim como, além disso, outros não gostariam de se encarregar de nossas próprias orações. Por isso, para o encontro de Assis, foi escolhida a fórmula: “Estar juntos para rezar”. Claro que não é possível “rezar juntos”, isto é, uma oração comum, mas pode-se estar presente quando os outros estão rezando; nesse caminho, mostramos nosso respeito pela oração dos outros e pela atitude dos outros diante da Divindade; ao mesmo tempo, oferecemos aos outros o testemunho humilde e sincero de nossa fé em Jesus Cristo, Senhor do Universo. […]

– Papa São João Paulo II, Audiência de 22 de outubro de 1986.

Poucos dias depois, João Paulo II reuniu pessoas de muitas religiões, para que os seus membros, cada um à sua maneira e segundo a sua consciência, pudessem rezar pela paz, num contexto de fim da guerra fria. O fato de várias religiões orarem por um objetivo comum (a paz), cada uma de acordo com sua consciência, não é sincretismo. Atribuir o mesmo valor às orações de diferentes religiões, e afirmar que seriam iguais às orações católicas, ou rezar à maneira das falsas religiões, seria sincretismo, o que não foi feito.

O artigo do padre Alfredo M. Morselli sobre as reuniões de Assis demonstra com a Summa Theologica e com a teologia escolástica, que João Paulo II não cometeu pecado ao convocar essas reuniões.

De fato, não podemos afirmar que João Paulo II teria pecado ao convidar membros de outras religiões para a oração, porque toda religiosidade, e toda oração fora do catolicismo não é necessariamente um pecado, porque São Pio V  condenou  a proposição “Infidelidade puramente negativa, daqueles a quem Cristo não foi pregado, é pecado.  ( Dez. 1968 )". E o teólogo tomista De Victoria especifica que uma simples apresentação da fé não bastaria para tornar positiva a infidelidade, mas esta apresentação deve incluir também as razões de credibilidade, pois como ensina São Tomás de Aquino, "não se acreditaria, de fato, se ele não viu que essas coisas devem ser acreditadas” ST IIa-IIae, q. 1, s. 4 ponto 2). E padre Morselli conclui seu parágrafo: “Só Deus conhece o grau de inocência ou culpa no coração dos infiéis”.

O padre Morselli ainda explica porquê um simples infiel tem o dever de rezar:

Podemos, portanto, fazer uma pergunta mais precisa: um infiel (um infiel no sentido de pura negação) deve orar? Acho que a resposta é “sim”, porque, segundo o ensinamento de São Tomás, sabemos que a religião faz parte da justiça e que a justiça é uma obrigação da lei natural. Todo homem deve ser religioso, pois todo homem deve ser reto ( iustus ). A oração é um ato de religião (não um ato de fé), então todo homem deve orar. Devemos, portanto, dizer a um infiel: siga a lei natural; você deve ser cuidadoso, moderado, forte, reto. (Texto completo)

Podemos, portanto, deduzir que não temos o direito de julgar o papa vendo imagens sem contexto, ou com um contexto truncado; porque há sutilezas teológicas que provam que João Paulo II não cometeu pecado.

Não há muito o que falar de acusações menores e sem fundamentos, como aqueles que dizem que o Papa teria permitido, ou mesmo colocado uma estátua de Buda em um altar durante o encontro de Assis. Essa acusação carece de fundamentos; os relatos sobre o ocorrido sempre apontam que isso foi uma atitude pessoal de um grupo de budistas.

5. Ele alegadamente afirmou que o budismo poderia salvar

Segundo alguns sedevacantistas, João Paulo II teria dito que o budismo poderia salvar ao afirmar que “o budismo é uma religião de salvação” em seu livro “Enter in Hope”.

Eis o que está escrito na versão em inglês:

Na página da direita, uma pessoa questiona João Paulo II sobre a questão do budismo. Na página da esquerda, João Paulo II responde às perguntas que lhe são feitas.

O segundo parágrafo poderia ser traduzido como:

«Sim, você está certo, e obrigado pela pergunta [perguntando se o budismo tem uma 'doutrina de salvação']. Entre as religiões mencionadas no documento conciliar Nostra Aetate , é necessário dar atenção especial ao budismo, que de certo ponto de vista, como o cristianismo, é uma religião de salvação.»

Mas a desonestidade dos tradicionalistas é evidente quando o Papa insiste que:

«Deve-se dizer imediatamente que as doutrinas da salvação no budismo e no cristianismo são opostas.»

Significa simplesmente que ambas as religiões têm uma doutrina sobre uma forma de bem-aventurança eterna: em suma, o budismo acredita na reencarnação, que permite o aperfeiçoamento da alma que eventualmente a permitiria alcançar uma espécie de alegria eterna; enquanto o catolicismo professa a visão beatífica às almas mortas em estado de graça, e o inferno eterno às almas mortas em estado de pecado mortal. Estas duas doutrinas são opostas, é um facto que João Paulo II considera importante sublinhar.

6. Ele teria afirmado que o Espírito Santo manteria os fiéis de outras religiões em suas falsas crenças

Os sedevacantistas afirmam que a seguinte passagem da encíclica Redemptor Hominis é herética:

Mesmo que seja de outra forma e com as necessárias diferenças, as reflexões acima devem ser aplicadas à atividade que tende à aproximação com os representantes das religiões não cristãs e que se expressa através do diálogo, dos contatos, da oração em comum, da busca pelos tesouros da espiritualidade humana, porque estes, como bem sabemos, não faltam aos membros destas religiões. Não acontece às vezes que a firmeza da crença de membros de religiões não-cristãs (também efeito do Espírito de verdade operando além das fronteiras visíveis do Corpo Místico) envergonhe os cristãos, tantas vezes inclinados a duvidar da verdades reveladas por Deus e anunciadas pela Igreja, tão inclinado a relaxar os princípios da moralidade e abrir as portas para uma moralidade permissiva? É nobre estar disposto a compreender cada homem, a analisar cada sistema, a concordar com o que é certo; mas isso de modo algum significa perder a certeza da própria fé ou enfraquecer os princípios da moralidade, cuja ausência logo se fará sentir na vida de sociedades inteiras, provocando aí, entre outras coisas, suas deploráveis ​​conseqüências.

– Papa São João Paulo II, Encíclica Redemptor Hominis .

No entanto, ao contrário do que afirmam os sedevacantistas, em nenhum lugar João Paulo II diz que o Espírito Santo manteria os fiéis de outras religiões em uma falsa crença. Pelo contrário, o papa fala com razão do Espírito de verdadeoperando além das fronteiras visíveis do Corpo MísticoO Papa diz simplesmente que o Espírito Santo, o Espírito da verdade, da graça aos crentes para permanecerem firmes em sua crença. Mas, mais adiante, o papa explica seu pensamento: critica os “católicos” mornos e relativistas que duvidam das verdades reveladas por Deus e que se permitem desvios em questões de moral. O papa explica que esses "católicos" deveriam se envergonhar disso, porque mesmo os membros de outras religiões mantêm uma firme crença em certas verdades reveladas e leis morais, que nós católicos temos em comum com os muçulmanos (por exemplo, a existência de Deus, a existência de demônios e inferno, a existência de anjos e céu, a imoralidade dos atos homossexuais, etc.). O papa diz que é nobre estar disposto a dar razão ao que é certo.

Isso está muito de acordo com o que a Igreja ensinou que uma pessoa ignorante, mas boa, faz isso pela graça de Deus. Com efeito, a Igreja já condenou as seguintes propostas:

“Gentios, judeus, hereges e semelhantes não recebem influência de Jesus Cristo; e podemos concluir com justiça que a vontade está neles nua e desarmada, sem nenhuma graça suficiente." (condenado)

–  DECRETOS DO SANTO OFÍCIO, ERROS DOS JANSENISTAS ,  DENZINGER 1996 , N° 2305

“Qualquer coisa que não venha da fé cristã sobrenatural que opera por amor é pecado." (condenado  ) 

–  DECRETOS DO SANTO OFÍCIO, ERROS DOS JANSENISTAS ,  DENZINGER 1996 , N° 2311

7. Ele teria ensinado que o estado de casamento é igual ao estado de celibato

A maioria dos sedevacantistas afirma que o Papa São João Paulo II ensinou heresia em uma de suas catequeses, citada pelo Papa Francisco na Exortação Amoris Laetitia :

"As palavras de Cristo registradas em Mateus  Mt 19,11-12  (e também as palavras de Paulo na primeira Carta aos Coríntios, capítulo  1Co 7 ) não fornecem argumento para sustentar a "inferioridade" do casamento ou a "superioridade" " da virgindade ou do celibato pelo fato de consistirem em abster-se da "união" conjugal "no corpo". – Papa São João Paulo II, Catequese de 14 de abril de 1982

Os sedevacantistas pensam que isso pode opor-se ao ensinamento do Concílio de Trento:

 1810 10.
Se alguém disser que o estado de casamento deve ser colocado acima do estado de virgindade ou celibato, e que não é melhor nem mais feliz permanecer na virgindade ou no celibato do que contrair casamento, seja anátema

– Concílio de Trento , 24ª sessão, Cânones sobre o sacramento do Matrimônio , Denz. 1810

No entanto, São João Paulo II nunca quis dizer que o estado do casamento era igual ao celibato. Na verdade, ele diz que não há nada que prove que um seja inferior ao outro "pelo fato de estes consistirem na abstenção da 'união' conjugal 'no corpo'".

Imediatamente depois, o santo papa esclarece seus pensamentos:

 Neste ponto, as palavras de Cristo são indiscutivelmente claras. Ele propõe aos seus discípulos o ideal da continência e o apelo a esta continência não é proposto pela inferioridade ou em detrimento da “união” conjugal “no corpo” mas apenas “por causa do Reino dos Céus”. 

- Papa São João Paulo II, Catequese de 14 de abril de 1982

Isso significa que não é apenas o celibato em si que o torna superior ao casamento: é também o ensinamento do Papa Francisco em Amoris Laetitia no §160.

Primeiro, ele começa explicando a frase “por causa do reino dos céus”:

 A partir dessa perspectiva, um esclarecimento adicional da frase “para o reino dos céus” é particularmente útil. É o que procuraremos fazer posteriormente, pelo menos sumariamente. Mas, no que diz respeito à correta compreensão da relação entre matrimônio e continência de que fala Cristo, e à compreensão dessa relação como compreendida por toda a Tradição, vale acrescentar que essa “superioridade” e essa “inferioridade” estão contidas nos limites da própria complementaridade do casamento e da continência por causa do reino de Deus. 

- Papa São João Paulo II, Catequese de 14 de abril de 1982

Em seguida, ele explica que esses dois estados não são opostos entre si, mas sim complementares:

 Casamento e continência não se opõem e não dividem a comunidade humana (e cristã) em dois campos (digamos: o campo dos "perfeitos" por causa da continência e o dos "imperfeitos ou menos perfeitos por causa da realidade do casamento vida). Mas estas duas situações fundamentais ou, como se costuma dizer, estes dois "estados", explicam-se num certo sentido e complementam-se no que diz respeito à existência e à vida (cristã) desta comunidade que, no seu conjunto, e em todos os seus membros, realiza-se na dimensão do reino de Deus e tem uma orientação escatológica própria deste reino. 

- Papa São João Paulo II, Catequese de 14 de abril de 1982

Em seguida, ele ensina que o estado de continência tem uma importância particular:

 Nós iremos em relação a esta dimensão e a esta orientação - na qual toda a comunidade, isto é, todos os que a ela pertencem, devem participar na fé - a continência "por causa do Reino de Deus" tem uma importância e uma eloquência particulares para aqueles que vivem a vida de casados. Sabemos também que estes últimos constituem a maioria. 

- Papa São João Paulo II, Catequese de 14 de abril de 1982

Assim, segundo o Santo Papa e o ensinamento da Igreja, não é apenas a continência que é o "estado de perfeição", mas toda a vida, baseada na pobreza, castidade e obediência:

 Parece, pois, que uma complementaridade assim entendida encontra o seu fundamento nas palavras de Cristo segundo Mateus  Mt 19,11-12  (e também na primeira Carta aos Coríntios, capítulo  1Co 7 ). Não há, ao contrário, fundamento para uma oposição hipotética segundo a qual os celibatários, em razão apenas da continência, constituiriam a classe dos "perfeitos" e, ao contrário, os casados, a classe dos "não-perfeitos". (ou “menos perfeito”). Se, mantendo uma certa tradição teológica, falamos do estado de perfeição ( status perfectiè), fazemos isso não por causa da continência em si, mas em relação a toda a vida baseada nos conselhos evangélicos (pobreza, castidade, obediência), porque esta vida corresponde ao chamado de Cristo à perfeição (“Se você quer ser perfeito.”) ( Mt 19,21 ). 

- Papa São João Paulo II, Catequese de 14 de abril de 1982

O Papa Pio XII ensinou a mesma coisa em sua Encíclica Sacra Virginitas :

 Além disso — como ensinaram muito claramente os santos Padres e Doutores da Igreja — a virgindade não pode ser uma virtude cristã se não a abraçamos "pelo reino dos céus" (Mt 19,12). isto é, se não tomarmos esta condição de vida para podermos aplicar-nos mais facilmente às coisas divinas; chegar mais seguramente um dia à bem-aventurança eterna; poder finalmente, mais livremente, levar outros também ao reino dos céus, aplicando-nos a ele com cuidado. – Papa  Pio XII, Encíclica Sacra Virginitas , 25 de março de 1954

Portanto, não é heresia, é mais uma citação vergonhosamente retirada do contexto.


8 – Ele gostaria que Deus protegesse os erros do Islã

Finalmente, em sua frase "Que São João Batista proteja o Islã, todo o povo da Jordânia" durante sua visita a Wadi Al-Kharrar , João Paulo II quis falar sobre a civilização islâmica, porque "Islã" =/= Islã. "Islã" é religião, "Islã" é a civilização como um todo (político, econômico, jurídico, religioso, cultural e social) de acordo com o dicionárioPortanto, São João Paulo II possivelmente queria confiar o Islã a São João Batista para proteger esta sociedade da guerra, corrupção, tirania, erro, etc. Além disso, no mesmo dia, o Papa lembrou aos católicos da Jordânia seus respectivos deveres:

Aos bispos e sacerdotes, digo: sejam bons pastores segundo o coração de Cristo! Guie o rebanho que lhe foi confiado pelo caminho que leva aos pastos verdejantes do seu Reino! Reforçai a vida pastoral das vossas comunidades através de uma nova e mais dinâmica colaboração com religiosos e leigos. Nas dificuldades do seu ministério, coloque sua confiança no Senhor. Aproxime-se dele em oração, e ele será sua luz e sua alegria. Toda a Igreja vos agradece pela vossa dedicação e pela missão de fé que desempenhais nas vossas dioceses e nas vossas paróquias.

Aos religiosos e religiosas, expresso a imensa gratidão da Igreja pelo testemunho do primado de Deus em todas as coisas! Continuem a brilhar como faróis do amor evangélico que supera todos os obstáculos! Aos leigos, digo: Não tenha medo de ocupar o seu lugar e assumir a sua responsabilidade na Igreja! Sede corajosas testemunhas do Evangelho nas vossas famílias e na sociedade!

— Papa São João Paulo II, Homilia de 21 de março de 2000 no Estádio de Amã – Jordânia.

Assim como Pio XII confia os não católicos de boa vontade à proteção de Deus:

Também não queremos deixar passar em silêncio o eco de comovida gratidão que suscitou em Nossos corações os desejos daqueles que, embora não pertençam ao corpo visível da Igreja Católica, não esqueceram na nobreza e na sinceridade de seus sentimentos , tudo isso, seja por amor à pessoa de Cristo, seja por crença em Deus, os une a Nós. A todos vai a expressão da Nossa gratidão. Confiamos cada um deles à proteção e guia do Senhor, dando a solene certeza de que um único pensamento domina o Nosso espírito: imitar o exemplo do Bom Pastor para conduzir todos os homens à verdadeira felicidade: para que tenham vida e tê-la em abundância ( Jo. X , 10). —Papa Pio XII, SUMMI PONTIFICATUS

… assim também São João Paulo II confia esta sociedade composta de homens que é o Islã às orações de São João Batista.

São João Paulo II fala sobre o Islã (religioso) em seu livro “Enter into Hope”: veja este artigo.


9. Contrariaria Pio XI na função de dona de casa

Pio XI, em Quadragesimo Anno , escreve:

É sobretudo em casa, ou nos anexos da casa, e entre as ocupações domésticas, que está o trabalho das mães. É, pois, por um abuso nocivo, e que deve ser eliminado a todo o custo, que as mães de família, pelo baixo salário paterno, são obrigadas a procurar uma ocupação remunerada fora do lar, descurando dos deveres todas as coisas particulares que lhes competem, sobretudo a educação dos filhos. 

Enquanto São João Paulo II, em sua “Carta às Mulheres” de 1995 , escreve:

Obrigado, mulher trabalhadora, envolvida em todos os setores da vida social, econômica, cultural, artística e política, por sua contribuição insubstituível para o desenvolvimento de uma cultura que possa combinar razão e sentimento, para uma concepção de vida sempre aberta ao sentido do “mistério”, à construção de estruturas econômicas e políticas humanamente mais ricas.

Existe uma contradição? De fato, São João Paulo II reconhece o valor das mulheres de todas as esferas da vida em sua carta. Pio XI fala das condições sociais dos trabalhadores. Mas este último não vilipendia as mulheres trabalhadoras. Ele lamenta a ideia de que sejam obrigados a fazê-lo por causa do baixo salário do marido. Pouco antes ele diz que todos os membros dessas famílias podem contribuir de acordo com seus pontos fortes:

“Certamente, os demais membros da família, cada um de acordo com sua força, devem contribuir para a sua manutenção, como é o caso não só das famílias de agricultores, mas também de um grande número de artesãos ou pequenos comerciantes. Mas de forma alguma é permitido abusar da idade das crianças ou da fraqueza das mulheres.

Ele, portanto, rejeita coagir e sobrecarregar as mulheres.

São João Paulo II também fez um interessante discurso sobre a questão em 1981 , no V Congresso Internacional da Família:

Deve-se garantir que a mulher não seja, por razões econômicas, obrigada a realizar trabalhos muito pesados ​​e uma agenda excessivamente ocupada, que se somam a todas as suas responsabilidades como dona do lar e educadora de seus filhos. . A sociedade, dissemos no final do Sínodo, deveria se esforçar para se organizar de maneira diferente.
Mas sobretudo, e o vosso Congresso parece tê-lo sublinhado, deve-se considerar que os compromissos da mulher em todos os níveis da vida familiar constituem também um contributo ímpar para o futuro da sociedade e da Igreja, e que não pode ser negligenciado sem grande danos para eles como para a própria mulher, quer se trate das condições da maternidade, da necessária intimidade com os pequeninos, da educação das crianças e dos jovens, do diálogo atento e prolongado com eles, do cuidado a dar às múltiplos necessidades do lar, para que este permaneça acolhedor, agradável, reconfortante no plano afetivo, formativo no plano cultural e religioso. Quem ousaria negar que, em muitos casos, a estabilidade e o sucesso da família, o seu desenvolvimento humano e espiritual deve muito a esta presença materna no lar.

Dito isto, se houvesse uma contradição, não seria absolutamente necessário reconciliá-los, uma vez que esses julgamentos são baseados em contextos culturais e temporais muito diferentes. Isso não é lei divina: uma mãe que escolhe trabalhar não peca. Portanto, nossos dois papas podem muito bem divergir sobre o assunto.

10. Teria dado apoio à religião islâmica ao beijar o alcorão

Em 14 de maio de 1999 foi apresentado ao Papa São João Paulo II um alcorão como forma de presente, para aquela cultura, você presenteia alguém conforme o valor da pessoa presenteada, então para um mulçumano, dar o alcorão (o livro mais importante da vida de um mulçumano) como presente para alguém, é tentar demonstrar o imenso valor que essa pessoa tem. O Papa, então, beijou o presente, o que foi fotografado, e a foto é usada até hoje por tradicionalistas como forma de ridicularizar o Papa.

De qualquer forma, esta situação só faz sentido em seu contexto, e não representa uma adesão ou um sincretismo por parte do Papa à religião islâmica. Eis o que São João Paulo II fala sobre o alcorão:

«Quem lê o Alcorão, já familiarizado com o Antigo e o Novo Testamento, perceberá claramente o processo de redução do qual a Revelação divina é o objeto ali. É impossível não se impressionar com a incompreensão que aí se manifesta do que Deus disse de Si mesmo, primeiro no Antigo Testamento pelos profetas, depois definitivamente no Novo Testamento por seu Filho. Toda essa riqueza da auto-revelação de Deus, que constitui a herança do Antigo e do Novo Testamento, foi de fato deixada de lado no Islã.

O Deus do Alcorão é chamado pelos mais belos nomes conhecidos na linguagem humana. Mas, no final, é um Deus que permanece estranho ao mundo. Um Deus que é apenas Majestade e nunca Emanuel, “Deus-conosco”. O Islã não é uma religião de redenção. Não oferece espaço para a Cruz e a Ressurreição. Jesus é mencionado, mas apenas como um profeta que prepara a vinda do último de todos os profetas, Maomé. Maria também, a Virgem-Mãe, é nomeada. Mas o drama da redenção está completamente ausente. É por isso que não só a teologia, mas também a antropologia do islamismo são muito diferentes das do cristianismo.» (São João Paulo II - Entrez dans l’Espérance)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Refutando calúnias e provando a ortodoxia do Papa Francisco

Refutação ao sedevacantismo — Paulo VI, Papa universalmente aceito

Os anjos